Por Natasha Romanzoti em 5.08.2011 as 20:00
Recentemente, pesquisadores da Coreia do Sul inseriram um gene no DNA de um beagle que fez o cão brilhar verde sob luz ultravioleta. Mas, ao invés de ser útil, o experimento era simplesmente um exercício de manipulação genética que poderia abrir caminho para terapias genéticas mais práticas.
Este é apenas um exemplo mais atual de uma longa história de testes malucos, e às vezes eticamente controversos, com animais, sendo que alguns dos quais realmente levaram a aplicações médicas de grande valor para os seres humanos. Confira: Clique nas imagens para ampliar
1 – Multi-cão
Na década de 1950, um cientista soviético chamado Vladimir Demikhov se tornou pioneiro no campo da transplantação de órgãos usando cães. Em um experimento famoso, ele criou um “multi-cão”, certamente uma das mais incompreensíveis criaturas já criadas pelo homem.
De acordo com um artigo de 1955 da revista Time, Demikhov retirou a maior parte do corpo de um filhote de cachorro e enxertou a cabeça e patas no pescoço de um cão adulto. O coração do cachorro grande bombeou sangue suficiente para as duas cabeças. Quando o cão múltiplo recuperou a consciência após a operação, a cabeça do cachorro menor também acordou e bocejou. A grande cabeça deu-lhe um olhar intrigado e tentou sacudir a cabeça menor pra longe.
Surpreendentemente, ambos os cães mantiveram suas próprias personalidades. Apesar do filhote quase não ter corpo próprio, era tão brincalhão quanto qualquer outro filhote: rosnava, lambia quem lhe acariciava, etc. O cão anfitrião estava entediado com tudo isso, mas logo se reconciliou com o cachorro inexplicável que brotava de seu pescoço.
Quando o maior tinha sede, o menor tinha sede. Quando o laboratório ficou quente, ambos colocaram a língua para fora para se refrescar. Infelizmente, a experiência não foi um sucesso total: depois de seis dias de vida em conjunto, ambas as cabeças e o corpo em comum morreram.
2 – Rato orelha
Falando em animais bizarros, não dá para esquecer o rato orelha. A “orelha” que emerge deste roedor de laboratório não ouve nada: é, na verdade, apenas uma estrutura de tecido em forma de orelha que cresceu graças à inserção de células de cartilagem humana em um molde biodegradável.
O rato Vacanti, como é mais conhecido formalmente, ganhou sua orelha graças ao Dr. Charles Vacanti, cirurgião de transplante. Ele e seus colegas realizaram a façanha em 1995, para demonstrar um método potencial de transplante de cartilagem em pacientes humanos.
3 – Híbridos enormes
Nem todas as experiências com animais resultam em monstruosidades hediondas. É o caso do ligre, por exemplo, a prole magnífica de leões (machos) e tigresas (fêmeas), que levam a uma nova espécie.
Com mais de 410 quilos e quase 4 metros de comprimento, ligres são os maiores gatos da Terra, pesando quase 100 vezes mais do que gatos domésticos e quase o dobro de Panthera tigris ou Panthera leo.
Além de inexplicavelmente estimular o crescimento gigantesco, o híbrido dessas espécies também torna os animais mais saudáveis e às vezes mais vivos do que seus pais. Soma-se ao mistério genético dos ligres crescem tanto o fato de que tigreões, híbridos nascidos de tigres (machos) e leoas (fêmeas) não apresentam tal anomalia; eles são do tamanho de um tigre normal.
4 – Macaco robô
Em 2010, neurobiólogos da Universidade de Pittsburgh ensinaram um macaco a controlar um braço robótico avançado com a sua mente. Eles fizeram dois implantes cerebrais no animal, nas áreas de seu córtex motor.
Os implantes monitoravam o disparo de neurônios motores e enviavam informações para um computador, que traduzia os padrões em comandos para o braço robótico. Como resultado, o macaco foi capaz de manipular o braço com seus pensamentos. Ele aprendeu a usá-lo para alcançar alimentos, pressionar botões e fazer movimentos de torção.
Os cientistas não estavam apenas brincando com o macaco: seu trabalho pode levar a interfaces cérebro-máquina que permitirão que pessoas paralisadas operem próteses avançadas com suas mentes.
5 – Aranhas drogadas
Em 1995, cientistas da NASA estudaram os efeitos de várias drogas comuns sobre as habilidades de tecelagem das aranhas. Eles acharam que era possível analisar a estrutura periódica (ou falta dela) das teias sob o efeito de drogas como um meio de determinar os níveis de toxicidade relativa das substâncias.
Nada de muito interessante veio desse esforço, talvez devido à dificuldade de extrapolar a toxicidade de determinado produto químico para seres humanos a partir de sua toxicidade para aracnídeos.
Dito isto, de fato pareceram haver semelhanças entre os efeitos das drogas sobre as duas espécies. Segundo os pesquisadores, a aranha drogada de maconha fez um bom trabalho de tecelagem, mas ficou entediada ou distraída e não terminou. A sobre o efeito de anfetamina (speed) foi muito rápida, mas sem muita consciência do quadro geral: deixou grandes lacunas. A aranha drogada de ácido teceu uma teia psicodélica simétrica muito bonita, mas nada boa para pegar insetos.
Restou a cafeína. Olhando a imagem, claramente a aranha fez um trabalho horrível, e isso pode apontar o abismo que existe entre os seres humanos e os aracnídeos. Se fôssemos nós, essa teia ia representar nosso trabalho antes de tomar um café.
6 – Amor de peru
Quando se trata de afinidades com determinadas partes do corpo feminino, os perus só pensam na cara.
Na década de 1960, biólogos descobriram que, quando colocados em um quarto com um modelo realista de um peru fêmea, os machos acasalavam tão avidamente como se ele fosse um ser vivo.
Intrigados com isso, os pesquisadores resolveram remover peças do modelo, uma de cada vez, para determinar o estímulo mínimo que seria necessário para excitar os perus antes deles perderem o interesse.
Uma fêmea sem cauda, sem asa, sem pés, nada disso adiantou: os machos não poderiam se importar menos. Mesmo a ausência do próprio corpo não atrapalhou o acasalamento; quando tudo o que restava da fêmea modelo era uma cabeça em uma vara, os machos ainda tentaram copular com ela.
Os pesquisadores especulam que a fixação dos perus pela cabeça se relaciona com o seu estilo de acasalamento. Quando eles montam uma fêmea, a cobrem completamente, exceto por sua cabeça. Como isso é tudo o que eles podem ver, a cabeça torna-se o foco de seus desejos eróticos. Estranho…
Life'sLittleMysteries
http://hypescience.com
Recentemente, pesquisadores da Coreia do Sul inseriram um gene no DNA de um beagle que fez o cão brilhar verde sob luz ultravioleta. Mas, ao invés de ser útil, o experimento era simplesmente um exercício de manipulação genética que poderia abrir caminho para terapias genéticas mais práticas.
Este é apenas um exemplo mais atual de uma longa história de testes malucos, e às vezes eticamente controversos, com animais, sendo que alguns dos quais realmente levaram a aplicações médicas de grande valor para os seres humanos. Confira: Clique nas imagens para ampliar
1 – Multi-cão
Na década de 1950, um cientista soviético chamado Vladimir Demikhov se tornou pioneiro no campo da transplantação de órgãos usando cães. Em um experimento famoso, ele criou um “multi-cão”, certamente uma das mais incompreensíveis criaturas já criadas pelo homem.
De acordo com um artigo de 1955 da revista Time, Demikhov retirou a maior parte do corpo de um filhote de cachorro e enxertou a cabeça e patas no pescoço de um cão adulto. O coração do cachorro grande bombeou sangue suficiente para as duas cabeças. Quando o cão múltiplo recuperou a consciência após a operação, a cabeça do cachorro menor também acordou e bocejou. A grande cabeça deu-lhe um olhar intrigado e tentou sacudir a cabeça menor pra longe.
Surpreendentemente, ambos os cães mantiveram suas próprias personalidades. Apesar do filhote quase não ter corpo próprio, era tão brincalhão quanto qualquer outro filhote: rosnava, lambia quem lhe acariciava, etc. O cão anfitrião estava entediado com tudo isso, mas logo se reconciliou com o cachorro inexplicável que brotava de seu pescoço.
Quando o maior tinha sede, o menor tinha sede. Quando o laboratório ficou quente, ambos colocaram a língua para fora para se refrescar. Infelizmente, a experiência não foi um sucesso total: depois de seis dias de vida em conjunto, ambas as cabeças e o corpo em comum morreram.
2 – Rato orelha
Falando em animais bizarros, não dá para esquecer o rato orelha. A “orelha” que emerge deste roedor de laboratório não ouve nada: é, na verdade, apenas uma estrutura de tecido em forma de orelha que cresceu graças à inserção de células de cartilagem humana em um molde biodegradável.
O rato Vacanti, como é mais conhecido formalmente, ganhou sua orelha graças ao Dr. Charles Vacanti, cirurgião de transplante. Ele e seus colegas realizaram a façanha em 1995, para demonstrar um método potencial de transplante de cartilagem em pacientes humanos.
3 – Híbridos enormes
Nem todas as experiências com animais resultam em monstruosidades hediondas. É o caso do ligre, por exemplo, a prole magnífica de leões (machos) e tigresas (fêmeas), que levam a uma nova espécie.
Com mais de 410 quilos e quase 4 metros de comprimento, ligres são os maiores gatos da Terra, pesando quase 100 vezes mais do que gatos domésticos e quase o dobro de Panthera tigris ou Panthera leo.
Além de inexplicavelmente estimular o crescimento gigantesco, o híbrido dessas espécies também torna os animais mais saudáveis e às vezes mais vivos do que seus pais. Soma-se ao mistério genético dos ligres crescem tanto o fato de que tigreões, híbridos nascidos de tigres (machos) e leoas (fêmeas) não apresentam tal anomalia; eles são do tamanho de um tigre normal.
4 – Macaco robô
Em 2010, neurobiólogos da Universidade de Pittsburgh ensinaram um macaco a controlar um braço robótico avançado com a sua mente. Eles fizeram dois implantes cerebrais no animal, nas áreas de seu córtex motor.
Os implantes monitoravam o disparo de neurônios motores e enviavam informações para um computador, que traduzia os padrões em comandos para o braço robótico. Como resultado, o macaco foi capaz de manipular o braço com seus pensamentos. Ele aprendeu a usá-lo para alcançar alimentos, pressionar botões e fazer movimentos de torção.
Os cientistas não estavam apenas brincando com o macaco: seu trabalho pode levar a interfaces cérebro-máquina que permitirão que pessoas paralisadas operem próteses avançadas com suas mentes.
5 – Aranhas drogadas
Em 1995, cientistas da NASA estudaram os efeitos de várias drogas comuns sobre as habilidades de tecelagem das aranhas. Eles acharam que era possível analisar a estrutura periódica (ou falta dela) das teias sob o efeito de drogas como um meio de determinar os níveis de toxicidade relativa das substâncias.
Nada de muito interessante veio desse esforço, talvez devido à dificuldade de extrapolar a toxicidade de determinado produto químico para seres humanos a partir de sua toxicidade para aracnídeos.
Dito isto, de fato pareceram haver semelhanças entre os efeitos das drogas sobre as duas espécies. Segundo os pesquisadores, a aranha drogada de maconha fez um bom trabalho de tecelagem, mas ficou entediada ou distraída e não terminou. A sobre o efeito de anfetamina (speed) foi muito rápida, mas sem muita consciência do quadro geral: deixou grandes lacunas. A aranha drogada de ácido teceu uma teia psicodélica simétrica muito bonita, mas nada boa para pegar insetos.
Restou a cafeína. Olhando a imagem, claramente a aranha fez um trabalho horrível, e isso pode apontar o abismo que existe entre os seres humanos e os aracnídeos. Se fôssemos nós, essa teia ia representar nosso trabalho antes de tomar um café.
6 – Amor de peru
Quando se trata de afinidades com determinadas partes do corpo feminino, os perus só pensam na cara.
Na década de 1960, biólogos descobriram que, quando colocados em um quarto com um modelo realista de um peru fêmea, os machos acasalavam tão avidamente como se ele fosse um ser vivo.
Intrigados com isso, os pesquisadores resolveram remover peças do modelo, uma de cada vez, para determinar o estímulo mínimo que seria necessário para excitar os perus antes deles perderem o interesse.
Uma fêmea sem cauda, sem asa, sem pés, nada disso adiantou: os machos não poderiam se importar menos. Mesmo a ausência do próprio corpo não atrapalhou o acasalamento; quando tudo o que restava da fêmea modelo era uma cabeça em uma vara, os machos ainda tentaram copular com ela.
Os pesquisadores especulam que a fixação dos perus pela cabeça se relaciona com o seu estilo de acasalamento. Quando eles montam uma fêmea, a cobrem completamente, exceto por sua cabeça. Como isso é tudo o que eles podem ver, a cabeça torna-se o foco de seus desejos eróticos. Estranho…
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