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terça-feira

Vida de cão: Como lidar com a solidão canina


Ayrton Mugnaini Jr., especial para o Yahoo! Brasil
06 Apr 2011 05:04:12

“Na ausência do gato festejam os ratos”. E os cães? Menos independentes que os gatos ou ratos, nem sempre festejam quando seus donos precisam se ausentar. Pelo contrário, reclamam e protestam de uma forma ou outra, seja latindo ou destruindo coisas, podendo causar ainda mais desespero nos vizinhos e até nos próprios donos. Vamos então a um guia geral para resolver de uma vez dois problemas: a solidão do próprio cão e o desassossego dos vizinhos. A mais famosa canção de Peninha, “Sozinho”, serve como um bom mapa.

“Tô me sentindo muito sozinho”
Solidão canina pode ser mais que uma mera circunstância causada pela ausência do dono, inclusive até algo um pouco mais sério conhecido como “ansiedade da separação”, que pode ocorrer quando o bicho é separado de sua mãe e companheiros de mamadeira, de um antigo dono ou alguém, humano ou não, a quem tenha se apegado.

Ao perceber que foi deixado só (ele poderá interpretar despedidas como mero carinho), o que costuma acontecer em meia hora, o cão poderá demonstrar ansiedade da separação não só latindo e se agitando angustiadamente, mas também fazendo cocô e xixi por todo lado. Pode chegar a extremos, como ataques de vômito e diarréia e destruição de qualquer coisa que tenha o cheiro do dono. Ou, longe de se animar, pode ficar deprimido e preguiçoso, até deixando de comer e beber.

“Não sou, mas quero ser o seu dono”
Se você pegar o cão em flagrante sujando a casa ou destruindo o que não deve, não o castigue. Ele, se tiver temperamento de alguma dominância, pode até querer ser o dono (enfiar o nariz no teu colo ou colocar a pata sobre teu joelho não são carícias, e sim manifestações de dominação). Mas ele não faz por mal nem como “vingança” por ter sido deixado sozinho. Já disse, e sempre repetirei, que caninos não são gente, não raciocinam como gente e não têm as noções humanas de bem e mal, crime e castigo. E castigo nestes casos não adianta, ele só vai ficar confuso, achando que está sendo castigado por latir, fazer cocô ou aliviar a tensão.

“O dono tem segredos e planos secretos” ou “Fala que me deixa, só que é da porta pra fora”
A socialização do peludo poderá incluir tratamento da ansiedade da separação, para ele perceber que ficar sozinho por mais de meia hora não é o fim do mundo.

Além do treinamento de obediência, será preciso acostumar o cão a ficar sozinho, o que exige tempo e paciência, mas valerá a pena. Os procedimentos incluem sair por portas e corredores diferentes, ir embora sem se despedir e voltar sem muita festa e até fingir que sai, demorando cada vez mais tempo para voltar. Se o cão for realmente nervoso e inquieto, talvez seja necessário acalmá-lo com homeopatia ou até alopatia – mas só o que o veterinário disser!

“Por que você não cola em mim?”
Porque colar no peludo, ir com ele para todo lado, até no carro e no elevador, demonstrando proximidade demais (exceto, claro, se for cão-guia), traz o risco de simplesmente deixá-lo mal acostumado, e ele vai reclamar se tiver de ser deixado a sós por pouco tempo que seja.

“Às vezes, no silêncio da noite...”
Já falamos aqui sobre como lidar com cães que latem demais, sozinhos ou não. Repetiremos alguns trechos pertinentes, desta vez com foco nos peludos que, como dissemos, resolvem protestar contra a solidão.

Pode acontecer de, se você precisar sair, o cão se sentir livre o suficiente para sair latindo. Está aí um bom desafio: treinar o cão para não latir enquanto você estiver ausente. Use então outro velho truque. Saia de casa à hora do costume e... volte para casa de repente e sem fazer barulho. Fique montando campana até o cão começar a latir sem motivo; então entre em casa, repreenda-o e vá embora. Caso ele demore a latir, você pode agilizar o processo provocando ruídos que seguramente façam o peludo latir, como bater a porta do carro.

Se você trabalha perto de casa, peça a vizinhos que avisem se o bicho começar a latir. Caso você fique mais longe, outra alternativa é pedir a alguém de confiança para repreender o cão.

Ah, sim, se o cão for muito bravo, o mais importante, e o mais seguro para você, será tratar o temperamento dele antes de pensar em monitorar seus latidos.

Se o cão não é gente, ele é membro da família. E o ideal é que seja da família no melhor sentido, e posse responsável serve para isso. Afinal, como última citação, “quando a gente gosta é claro que a gente cuida...”
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