Chimpanzé só ajuda os outros se eles pedirem por favor, diz estudo

publicado em 14/10/2009 às 07h15:

Primatas que vivem em cativeiro ajudam os outros a obter um lanche fora de alcance, desde que o outro implore

Do R7

Foto por Getty Images

A ajuda entre os animais só veio depois que o chimpanzé estendeu as mãos ou fez um escândalo

Por muito tempo, os pesquisadores têm debatido se os chimpanzés agem de forma desinteressada. Na natureza, de vez em quando os grandes macacos trocam comida (como a carne) entre eles, mas se essas atitudes se encaixam na definição de altruísmo é controverso, explica Shinya Yamamoto, um primatólogo da Universidade de Kyoto, no Japão, que conduziu o novo estudo.

Pesquisas com chimpanzés que vivem em cativeiro encontraram provas pouco consistentes de altruísmo, mas um relatório recente mostrou que os chimpanzés podem dar uma mãozinha aos seres humanos.

Um problema com muitos desses estudos é que eles dependem do compartilhamento de comida, coisa que os chimpanzés resistem em fazer.

Para contornar essa dificuldade, a equipe de Yamamoto desenhou uma câmara especial, com duas cabines ligadas por uma pequena janela aberta. Em um teste, uma cabine tinha uma vara grande, a outra, uma caixa de suco fora do alcance.

Em outro, uma cabine tinha um canudo, a outra, uma caixa de suco com uma pequena abertura. A única maneira de conseguir o suco era usando a ferramenta da cabine dos outros.

Em dezenas de tentativas com seis duplas de chimpanzés, um deles ofereceu a ferramenta para o outro várias vezes. Mas, muitas vezes, a ajuda só veio depois que o chimpanzé que precisava de ajuda estendeu as mãos ou fez um escândalo. 

A relação entre os pares também fez diferença. Três duplas de mães com filhos ajudavam umas às outras com mais freqüência do que as duplas independentes - mesmo quando o favor não foi retribuído em futuras tentativas. Entre os três pares de chimpanzés independentes, o dominante era o que mais pedia e recebia a ferramenta.

Esses pedidos podem ser necessários porque os chimpanzés não entendem direito os desejos dos outros, diz Yamamoto.