Animal tinha sido confundido em zoos com uma espécie semelhante.
O olinguito vive em florestas no Equador e ColômbiaMARK GURNEY/SMITHSONIAN INSTITUTION
Dois espécimes embalsamadosJASON REED/REUTERS
Ao abrir uma das muitas gavetas com peles e ossos de animais de um museu de história natural em Washington, o zoologista Kristofer Helgen deparou-se com o que pensou de imediato ser uma espécie não identificada. Dez anos de investigação depois, o olinguito é o primeiro carnívoro a ser descoberto em 35 anos no continente americano.
"As peles eram de um vermelho intenso e quando olhei para os crânios, não reconheci a anatomia. Era diferente de todos os animais semelhantes que já tinha visto e de imediato pensei que poderia ser uma espécie nova para a ciência”, recorda, à BBC Helgen, que é curador de mamíferos no Museu de História Natural do Instituto Smithsonian, nos EUA.
O olinguito é um mamífero carnívoro, que come insectos, mas sobretudo fruta. A classificação deve-se não ao facto de comer carne, mas de ser um animal da ordem Carnivora, onde também se incluem os felinos, cães e ursos, por exemplo.
O olinguito pertence à mesma família dos guaxinins. Tem cerca de 35 centímetros de comprimento (o que o torna no animal mais pequeno daquela família) e vive em florestas na Colômbia e no Equador. O nome científico é Bassaricyon neblina, numa referência às florestas que habita e onde a neblina é frequente, mas também ao facto de ter estado anos escondido dos olhares da ciência.
A existência da nova espécie foi determinada comparando a anatomia e o ADN com espécies semelhantes. Embora só agora tenha sido classificado como espécie, a comunidade científica já tinha tido contacto com o olinguito – mas confundira-o com outro animal.
Os investigadores encontraram sinais de que vários zoológicos já tinham tido olinguitos, mas julgavam tratar-se de olingos, um mamífero semelhante. Entre outras diferenças, os olingos têm o pelo acinzentado. Num dos casos, nos anos 1960, o zoo do Instituto Smithsonian recebeu uma fêmea adulta, depois de os responsáveis terem tentado, sem sucesso, que procriasse com os restantes olingos. O caso ficou então por explicar.
Depois das comparações e análises genéticas, Helgen organizou expedições com outros investigadores às florestas do Equador para tentar encontrar olinguitos no seu habitat natural. Numa delas, os cientistas avistaram criaturas que poderiam ser exemplares vivos da nova espécie, mas não estavam certos. Por isso, recorreram a um caçador, que disparou sobre um deles, conta a revista do Instituto Smithsonian, que classifica este procedimento como sendo um “último recurso” entre biólogos. A observação do animal capturado comprovou que a existência, na habitat natural, da espécie identificada em laboratório.
Desde então, os cientistas identificaram quatro sub-espécies de olinguito.
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