Quem vê a foto acima normalmente pensa que o sapo sofreu uma mutação causada por materiais radioativos. Na verdade, porém, o par de pernas extras não surgiu por conta de radioatividade ou algo do tipo, mas por causa de um parasita conhecido como Ribeiroia.
Na metade da década de 1990, habitantes dos Estados Unidos e do Canadá começaram a perceber um grande número de sapos com deformações desse tipo, e a situação ganhou destaque na imprensa dos dois países. No início, muitos acreditavam que rios e lagos haviam sido contaminados e que o problema poderia acabar atingindo pessoas também. Quando estudos mostraram que o culpado era um parasita que não infecta humanos, os ânimos começaram a se acalmar – mas a situação não deixou de ser intrigante, mesmo depois de todos esses anos.
Castrador e gerador de mutantes
A vida do Ribeiroia começa dentro de um caracol (que é castrado pelo parasita, para que não “perca tempo” atrás de acasalamento), em que ele se reproduz. A nova geração escapa do caracol e nada para infectar peixes ou girinos – nesse último caso, os parasitas normalmente entram nas regiões onde vão se desenvolver as pernas do animal.
Conforme o girino cresce, o Ribeiroia interfere no desenvolvimento dos membros aumentando a produção de ácido retinoico (uma variação da Vitamina A) no local. Isso pode resultar em diversos tipos de má-formação, de pernas atrofiadas a várias pernas saindo do mesmo “tronco”.
Por que o parasita faz isso? De acordo com um grupo de pesquisadores da Universidade do Colorado (EUA) que estudou o fenômeno em detalhes, as deformações físicas diminuem a agilidade do sapo e aumentam as chances de ele ser devorado por um pássaro – hospedeiro em que o parasita consegue se reproduzir e dar continuidade ao ciclo (os ovos do Ribeiroia são eliminados através das fezes do pássaro, que contaminam caracóis).
Escudo natural
Um dos fatores que podem interferir no número de infecções causadas pelo Ribeiroia é a biodiversidade: quanto mais espécies de animais houver no ecossistema, menores são as chances de o parasita encontrar um hospedeiro adequado e continuar seu ciclo de vida – e, quanto menos espécies, maiores suas chances de sucesso.
Para testar essa ideia, o grupo visitou 345 regiões pantanosas no estado da Califórnia (EUA), examinando 24.215 anfíbios e 17.516 caracóis.
Em locais com pelo menos seis espécies de sapo, o número de infecções chegava a ser 78,5% menor do que em locais com menos biodiversidade. O fenômeno se repetiu em laboratório, quando os pesquisadores colocavam em um tanque caracóis infectados junto com sapos.
Ainda não se sabe com certeza, porém, o que exatamente estaria por trás do aumento do número de infecções de Ribeiroia que ganhou as manchetes dos Estados Unidos e do Canadá nos anos 1990.[NG]
fonte:http://hypescience.com/voce-nao-faz-ideia-da-causa-desta-deformidade
Por Guilherme de Souza
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